Gênero é um dispositivo, isto é, um mecanismo pelo qual as noções de masculino e feminino são produzidas e naturalizadas!

O termo gênero foi utilizado pela primeira vez pelo psicanalista Robert Stoller para se referir às noções de masculino e feminino que seriam produzidas pela cultura, enquanto sexo estaria ligado à natureza, isto é, à biologia.

Nessa ideia, gênero seria um produto da cultura sobre a biologia.

Porém estudos feministas e Queer quebram com essa noção do sexo como algo anterior ao gênero. A noção de sexo já é generificada em nossa cultura. Como assim?

É o conjunto social, as tecnologias de gênero, que estabelecem o genital como símbolo de feminilidade e masculinidade. Gênero é um conceito relacional, isto é, a própria diferença sexual é uma ideia produzida culturalmente.

Não há nada de natural no gênero ou mesmo na noção de sexo. Gênero é um conjunto de práticas, uma categoria de explicação produzida historicamente. O sexo é tão construído na cultura como o gênero – temos um olhar generificados sobre a anatomia.

Na sociedade ocidental a própria noção de ser humano está ligada às categorias de ser homem ou mulher, tornar-se pessoa é tornar-se homem ou mulher. Logo, gênero não é algo estável, imutável, a-histórico. Gênero é construído de forma tênue no tempo, uma identidade construída por meio de uma repetição estilizada de atos.

“Meninas gostam de rosa, meninos gostam de azul. Mulheres são cuidadosas e emotivas, homens são viris e racionais” são exemplos de como as noções de feminilidade e masculinidade vão sendo colocadas, repetidas ao ponto de parecer algo dado, natural e imutável.

O efeito de nomear tem efeito de criar! Os discursos e nomeações instituem, produzem, o que acreditam descrever.

O corpo não é um objeto anatômico, não é uma propriedade privada.

Gênero não é algo que vem do externo e que é colocado sobre um sujeito pré-existente.

O gênero cria um sujeito generificado. Exatamente por isso que ele precisa ser constantemente afirmado e repetido. Caso fosse algo “natural” não se precisaria de tantos discursos, códigos, coerções e instituições para afirmá-lo e naturalizá-lo. 

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